terça-feira, 29 de maio de 2012

Mostra em Nurembergue revela origens da arte de Albert Dürer

Deusche Welle
Dürer foi um gênio, um revolucionário, um destruidor de tabus: esta é a conclusão forçosa de "O jovem Dürer". Exposição pode ser visitada no Museu Nacional Germânico de Nurembergue, até início de setembro de 2012.
Dürer ao 13 anos - 1484
Um gênio. Um herói da arte e da história da arte. Quase um santo. Albrecht Dürer foi uma pessoa de superlativos. Na qualidade de mais famoso artista alemão do Renascimento, ele estabeleceu parâmetros com suas virtuosísticas gravuras. Em 1484, aos apenas 13 anos de idade, retratou-se com sua ponta de prata, trazendo para o papel alguns dos desenhos infantis mais antigos de que se tem notícia.
Mais tarde, na série de xilogravuras agora apresentadas em Nurembergue, ele fez cavaleiros do Apocalipse galoparem de forma inimitável, como se vê na atual exposição do Museu Nacional Germânico de Nurembergue, através de projeções gigantes. Não é de admirar que o reconhecimento como artista tenha vindo justamente com esse ciclo de gravuras.

Gravador, entalhador e teórico da arte

Dürer surpreende como gravador, entalhador e teórico de arte. Ele pintou originais altares, desenhou candelabros magníficos, taças e também uma fonte de mesa. Teve êxito como empresário, mais tarde como conselheiro e diplomata e foi um verdadeiro homem do Renascimento. Seus retratos extraordinários se encontram em museus de nível internacional – ou nos olham timidamente, impressos nas cédulas do antigo marco alemão.
Marcados pela precisão e refinamento dos velhos mestres, os originais de Dürer fascinam até hoje. Não menos importante é seu Autorretrato com capa de pele, que hoje se encontra na Antiga Pinacoteca de Munique. Em termos de valor, o quadro é uma espécie de Mona Lisa alemã, e foi motivo de muita discussão nos últimos meses, devido a seu empréstimo para a exposição em Nurembergue.
Laboratório Vitual - Na mostra em Nurembergue
Orgulho, autoconfiança ou arrogância? Nunca antes um artista observara seus espectadores de forma tão contundente e ousada, como o fez Dürer em seus autorretratos, desafiando assim a regra de que um olhar direto seria reservado somente a Jesus Cristo. E o jovem inventou algo mais: a assinatura, sendo o primeiro artista da história a assinar sistematicamente suas obras com um monograma. O "AD" é sua marca registrada e selo de qualidade, logo encontrando imitadores.

Obras frágeis

O motivo da mostra no Museu Nacional Germânico, no entanto, não foi nenhum aniversário de nascimento ou outro jubileu. Em vez disso, a atribuição fundamentada cientificamente de um quadro ao mestre de Nurembergue lançou há alguns anos a pedra fundamental desta exposição.
Retrato de Bárbara, mãe de Dürer
Em torno de 1490
Trata-se do retrato da mãe de Dürer, obra anteriormente atribuída a um artista desconhecido que agora, juntamente com um retrato do seu pai, é considerada uma das primeiras pinturas do gênio. Isso foi razão suficiente para analisar obras iniciais do artista espalhadas em museus internacionais, empregando os mais avançados métodos de avaliação, durante um projeto de pesquisa de três anos.
Os resultados são agora apresentados numa sala separada dentro da atual exposição – uma espécie de laboratório virtual de Dürer. Ali também se explica detalhadamente por que os três autorretrados em grande formato não puderam ser transportados para a maior mostra Dürer dos últimos 40 anos.
Localizadas em Paris, Madri e Munique, as obras são extremamente frágeis, e poderiam sofrer danos irreparáveis durante o transporte até Nurembergue. Como consolo, pode-se admirar uma reprodução do mais famoso de todos os autorretratos.

Obras raras e contemporâneos

Os quatro Cavalheiros de Apocalipse
1487/98
Ainda assim, grande parte dos quadros em exposição justifica plenamente uma visita a Nurembergue. Um deles é o autorretrato marrom-escuro realizado a pena em 1492/93, o destaque da Biblioteca da Universidade de Erlangen.
Com a mão direita encostada na cabeça, o artista olha sério para o observador: uma autorreflexão intensa com toque melancólico. Trata-se da última vez, nos próximos anos, que essa folha sensível à luz poderá ser admirada publicamente na Alemanha.
Empréstimos internacionais, como a chamada Madonna de Halle, da Galeria Nacional de Arte de Washington, gravuras em metal, xilogravuras, manuscritos e tomos valiosos lançam luz sobre a primeira fase do famoso artista alemão, que termina em 1505, portanto antes de sua segunda viagem à Itália.
O jovem Dürer é o foco principal dessa mostra, que faz lembrar a grande exposição dos 500 anos do mestre, realizada no Museu Nacional Germânico em 1971. Naquela ocasião, no entanto, apresentou-se uma "integral Dürer", e a obra e vida do grande artista alemão foram amplamente documentadas. Também os três autorretratos estiveram em exibição.
Em cerca de 1.400 metros quadrados, o museu apresenta agora 200 peças, incluindo 150 obras originais de Albrecht Dürer. A mostra intitulada Der frühe Dürer (O jovem Dürer), que custou 2 milhões de euros, também traz quadros de alto valor de contemporâneos seus como Hans Pleydenwurff, Michael Wolgemut e Martin Schongauer. Em suma, uma delícia estética para todos os amantes da arte.

Autor: Thomas Senne (ca)
Revisão: Augusto Valente



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