quarta-feira, 2 de novembro de 2011

O rock bem comportado e espirituoso de Thees Uhlmann

Deutsche Welle

Thees Uhlmann lança seu primeiro disco solo
Depois de 17 anos à frente do Tomte, Thees Uhlmann volta a temas relacionados a sua cidade natal em seu primeiro disco solo. Mais tranquilo e despretensioso, ele fez um dos mais celebrados discos de rock alemão de 2011.

Para quem olha de fora, o mundo do rock e pop alemão é um lugar estranho, cheio de robôs, metal industrial e adolescentes com penteados góticos. É difícil imaginar dentro desse universo uma estrela do rock como Thees Uhlmann.

Com a aspiração de ser algo como o Bruce Springsteen da Baixa Saxônia, Uhlmann lançou recentemente seu primeiro disco solo depois de 17 anos à frente do Tomte, uma das mais importantes bandas contemporâneas da famosa "escola de Hamburgo", movimento que começou no final dos anos 1980 e que misturava punk, rock, pop e letras em alemão com aspirações intelectuais.

Tomte faz parte da 'escola de Hamburgo'
Durante os anos 1990, o movimento teve o seu ápice com bandas como Tocotronic, Die Sterne e Blumfeld. O Tomte lançou seu disco de estreia em 1998, mas só alcançou notoriedade em 2006 com o álbum Buchstaben über der Stadt. Apesar da pouca ousadia em sua música, o som do Tomte foi sempre competente. Um veículo perfeito para Uhlmann conquistar o público universitário sensível, com suas letras e sua cara de bom moço.

Estranha beleza

Depois de se tornar pai e trocar Hamburgo por Berlim, ele sentiu que precisava dar um passo adiante. "Por 17 anos, tocamos desde em casas ocupadas até nos maiores festivais da Alemanha. Queria fazer algo mais pessoal, novo, fresco. Algo só meu", declarou Uhlmann à DW Brasil.

Capa do disco solo de Uhlmann
Para isso, o compositor mudou radicalmente seu processo de composição e gravação. "Com o Tomte, eu compunha tudo na guitarra, já no meu disco solo, 80% foram produzidos no piano". O disco foi produzido e gravado no estúdio do produtor Tobias Kuhn, melhor amigo de Uhlmann. "Dois amigos juntos, trabalhando com arte e rock & roll. Amei a experiência".   

Uhlmann parece ter achado seu caminho, já que o disco entrou em quarto lugar da parada alemã na semana em que foi lançado. Feito alcançado somente uma vez pela sua banda. "Não planejei que o disco fosse tomar as proporções que tomou. É estranho e bonito ao mesmo tempo", comemora.

Menino do interior 


Disco aborda origem em cidade pequena

O sucesso de Uhlmann é resultado do equilíbrio entre o bem sucedido músico que vive em Berlim e o menino que nasceu em Hemmoor, cidade com menos de 10 mil habitantes na Baixa Saxônia, no norte da Alemanha.

A sonoridade construída em estúdio e sem pressões traz um frescor muito diferente dos últimos trabalhos do Tomte. Viver em Berlim trouxe diversificação à música de Uhlmann e uma vontade maior de ousar. Ele até flerta com o hip hop em & Jay-Z singt uns ein Lied, uma parceria com Casper, um dos mais populares jovens rappers da Alemanha.
Ao escrever as letras, o compositor queria fazer algo para o seu disco solo e não para um disco do Tomte. Apesar da música Sommer in der Stadt ser sobre o bairro berlinense de Neukölln, Uhlmann queria escrever sobre descobrir o mundo e voltar para onde você veio, cheio de histórias para contar.

"Eu vivo em Berlim e sinto falta do norte da Alemanha e de Hamburgo, do ar fresco, da falta de educação das pessoas e das dificuldades. Falo muito disso no disco. Sempre fazem discos sobre cidades grandes, queria fazer algo que tivesse a ver com quem sou hoje, mas também de onde vim", disse Uhlmann. Em uma das canções do álbum, ele canta que o menino sai da vila, mas a vila não sai do menino. "Acredito que muito do que somos hoje é relacionado aos nossos primeiro 14 anos de vida", completa.

Apesar da boa repercussão do álbum solo, Uhlmann diz que o Tomte não acabou e que eles estão muito felizes com o seu sucesso solo. Para os fãs brasileiros, o cantor recomenda Zum Laichen und Sterben ziehen die Lachse den Fluss hinauf como uma boa introdução para o seu trabalho. "Acredito que essa música tenha sido escrita na língua internacional do rock. Todos podem entender. Além disso, amo essa canção", conclui Uhlmann.

Autor: Marco Sanchez
Revisão: Roselaine Wandscheer

Indicação de Uhlmann




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