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quarta-feira, 10 de julho de 2013

Peça teatral questiona preservação de tradições por colônias alemãs ...e Conversando um pouco...

Deutsche Welle

Conversando um pouco....- Após o artigo da DW - Peça Teatral questiona preservação de tradições por colônias alemãs.















"BRASILIEN.13 caixas", da diretora alemã Karin Beier e em cartaz em São Paulo, toma como base colônias de descendentes de alemães no Brasil para forçar o debate sobre tradições, segregação e integração social.
Foi lendo sobre a história de Hamburgo, onde dirige a companhia de teatro Deutsches Schauspielhaus Hamburg, que a diretora Karin Beier entrou em contato pela primeira vez com a questão da imigração alemã no Brasil. Na Alemanha, integração de estrangeiros é ponto constante de debate – e analisar o comportamento dos imigrantes alemães no exterior é uma forma de jogar luz sobre o tema.
Beier foi então a Joinville, onde entrevistou diversos descentendes de alemães. Nas entrevistas, as pessoas contaram a história de suas vidas e de seus antepassados. O material serviu de base para o projeto teatral BRASILIEN.13 caixas, em cartaz em São Paulo e que aborda – sempre levantando questionamentos – temas como integração e segregação.
"Queria ver como os alemães se envolveram em outras sociedades", disse Beier à DW Brasil. "O que mais me impressionou é como [parte dessa] comunidade é fechada, mas de uma maneira negativa. Eles estão na sexta geração e não se misturam. Eles mantêm a cultura e a tradição alemã de uma maneira muito limitada. Esse é exatamente o comportamento oposto que nós, alemães, esperamos das pessoas que deixaram a Alemanha."
Elenco de "BRASILIEN.13 caixas" conta com atores brasileiros e alemães
Em meados do século 19, um grupo privado chamado Hamburger Kolonisations-Verein (associação de colonização de Hamburgo) tinha como objetivo ampliar seus negócios levando migrantes ao Brasil em navios que viajavam vazios em busca de matérias-primas.
O movimento migratório deu origem à colônia alemã Dona Francisca, atual Joinville, em Santa Catarina. Hoje, muitos dos descendentes dos fundadores da colônia ainda vivem na região e tentam manter vivas as tradições e crenças de seus antepassados – de forma questionável, na opinião da diretora.
"Chega um ponto em que temos que questionar o conceito de identidade nacional", diz Beier. "O que é interessante é que, em pequenos comentários, e não nas histórias em si, você percebe nuances de arrogância no comportamento dessas pessoas, quase como um sentimento de superioridade."
O espetáculo é construído como uma crítica à preservação – mesmo depois de seis gerações – de tradições que não pertencem mais aos dias de hoje. "Acredito que manter tradições de maneira tão forte em um país estrangeiro é uma atitude tipicamente alemã", opina.
No placo, atores se apresentam como peças de museu
"Conversei com muitos idosos em Joinville e tive a impressão de que eles eram como peças de museu e não pessoas que vivem hoje, no mundo real. Eles conservam algo que não pertence aos dias de hoje. Assim nasceu a ideia de criar uma 'exposição humana' no palco. Essas pessoas não estão apenas em uma vitrine, mas intocáveis em uma espécie de cápsula", explica.
O palco como museu
O espetáculo é dividido em duas partes. A primeira funciona como um museu. A diretora buscou inspiração nas exposições humanas que aconteciam na Europa no final do século 19, quando negros, índios e outras minorias eram exibidos como animais em um jardim zoológico.
O público pode andar entre as caixas e observar os atores. Eles recebem um fone de ouvido e podem escolher o número da caixa que querem ouvir. Os textos foram construídos com fragmentos das entrevistas feitas em Joinville.
"Em um primeiro momento, os atores estão apenas sentados, depois começam a bater no vidro para chamar a atenção dos espectadores. O público decide se quer ouvir diversas histórias de uma mesma pessoa ou passear entre diferentes histórias. Ninguém consegue ouvir tudo, pois as histórias não se repetem", conta.
Em certo momento, os "guardas" do museu pedem que as pessoas tomem seus lugares, dando início à segunda parte do espetáculo. Entre as caixas, uma atriz sobe ao palco e começa o monólogo escrito especialmente para a ocasião pela escritora austríaca Elfriede Jelinek, vencedora do Prêmio Nobel de Literatura de 2004.
A diretora enviou e-mails para a autora sobre as experiências que teve em Joinville e perguntou se ela estaria interessa em escrever um epílogo para o espetáculo.
"A segunda parte é muito importante porque o texto de Jelinek fala sobre a arrogância alemã. Ela está sempre muito interessada em criticar o comportamento alemão. Em alguns pontos, você percebe que o texto foi baseado nesses relatos, mas ela escreve de uma maneira muito livre. O texto é excelente", diz a diretora.
Durante o texto de Jelinek, em um dos momentos finais do espetáculo, crianças de diversas etnias entram no palco. Elas estão curiosas para ver as pessoas dentro das caixas. "Nesse momento, os alemães começam a cobrir os vidros com fotos tipicamente alemãs, fechando-se ainda mais em seu pequeno ninho", completa Beier.
"BRASILIEN.13 caixas" está em cartaz no Sesc Pompeia em São Paulo até 7 de julho. O espetáculo tem previsão de estreia em Hamburgo em janeiro de 2014.
  • Data 02.07.2013
  • Autoria Marco Sanchez
  • Edição Rafael Plaisant / Alexandre Schossler
  • Link permanente http://dw.de/p/190Fm





Conversando um pouco...

O artigo em questão é um artigo que generaliza a partir de uma unanimidade que acreditamos não existir. Se  "existir", não deve ser considerado, pois como diz o ditado popular: "Toda unanimidade é burra". 
Um tempo atrás pesquisamos sobre as "diferentes Alemanhas" dentro da Alemanha a partir de sua história e formação, como nação. 
Deve-se perguntar antes, de onde são os imigrantes e seus descendentes estudados para escrever estas conclusões na peça teatral apresentada em São Paulo. 
Para entender nossas observações, convidamos você a reler o Post (Clicando sobre)Conversando...O Comportamento "alemão" no Vale - Pomeranos
Também é fato que a cultura e a herança da tradição alemã, a partir de sua grande diversidade em seu país de origem, faz parte da formação cultural do Brasil, como qualquer outra etnia presente no país. Estas, não tão questionadas, como: a africana, a portuguesa, a francesa, a italiana, a espanhola, a japonesa, a ucraniana...etc...O Brasil, culturalmente observado, é o resultado da integração destas culturas, pontuadas em regiões. 
Ninguém questiona, por exemplo, a prática cultural africana na Bahia e esta é muito bem aceita como cultura brasileira. E o é, como todas as demais. Existe uma resistência em aceitar que grupos em colônias de migração alemã façam e pratiquem suas tradições e estas sejam aceitas como práticas, ditas brasileiras, sendo que outras heranças culturais são muito bem aceitas e fazem parte do perfil de uma região sem qualquer restrição.
Se for observado a região natural do grupo de imigrantes, pode  acontecer algumas situações  observadas pela diretora alemã - Sra. Karn Beier. Mas, antes é preciso compreender as questões que levaram a este quadro, desde questões antropológicas, culturais, econômicas, geográficas, sociológicas e outros pontos de vistas das mais variadas áreas das Ciências da Humanas, para depois concluir. A origem cultural da diretora alemã da peça pode ser diferentes da origem cultural destes imigrantes observados. Percebemos a presença do etnocentrismo, dentro da própria cultura em questão. Antes de concluir sobre as práticas culturais, é preciso conhecer, a partir da História e da Antropologia de cada grupo regional dentro de um intervalo de tempo.
Se uma comunidade e grupo se sente feliz em manter as tradições que fazem parte de sua História e Cultura, porque não valorizá-las e praticá-las? Outras culturas o fazem. 
Se de fato ocorre a sua prática a partir de informações do passado e para que não ocorra, é importante o intercâmbio cultural atual entre os grupos da colônia alemã com a região da qual são suas origens na Alemanha para que ocorra a percepção do tempo presente. Lembramos que na Alemanha, como no Brasil, as práticas culturais mudam muito de região para região. Destacamos que é importante também, como é feito no centro cultural, a presença de jovens alemães ligados à arte e à tradição da terra natal, participando diretamente destes grupos, como é o caso do Sr. Stefan Ziel, integrante do Blumenauer Volkstanzgruppe e Coordenador do Die Tanzelmusi e Hans Jurgen Jopp - pianista e em alguns momentos, regente dos Coros. Ambos são naturais do Estado da Baviera, com famílias residindo neste estado alemão. Neste ano de 2013, os grupos dos coros - Liederkranz e Misto e o grupo folclórico Blumenauer Volkstanzgruppe estiveram em turnê pela Alemanha, interagindo, a partir de suas áreas, com amigos de lá. 

Não se pode generalizar, mas de fato, o que a Sra. Beier escreve, acontece pontualmente e não como regra e está relacionado algumas questões, que talvez não foram consideradas, mas é um bom tema para os palcos, pois desperta o debate sobre os conceitos a partir de um ponto de vista.
Todo o debate é salutar.

Equipe do Blog/Site do C.C. 25 de Julho de Blumenau.


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