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sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Cidade de Gropius completa 50 anos em Berlim

Deutsche Welle
Besser Wohnen: 50 Jahre Gropiusstadt
Projetada há cinco décadas para dar forma à utopia do arquiteto Walter Gropius, de moradias em áreas verdes na periferia da cidade, a Gropiusstadt encontra-se desde então em constante transformação.
"Antigamente era uma beleza", lembra Renate Ahnert, "finalmente, não precisávamos mais ficar carregando carvão". Para ela, a calefação central foi decisiva na hora de tomar a decisão em prol de uma mudança para a Gropiusstadt, em 1965.
O conjunto habitacional ainda estava em plena construção, depois do lançamento da pedra fundamental, em 1962. Havia apenas um bonde, o metrô viria depois. E não havia ainda tantos espaços verdes. "Tudo era ainda deserto. Nenhum jardim-de-infância, nada", recorda a educadora.
 "Damals war das großartig", sagt Renate Ahnert,"endlich keine Kohlen mehr schleppen müssen." Die Zentralheizung sei für sie ausschlaggebend gewesen, 1965 in die Gropiusstadt zu ziehen. Die Siedlung war nach der Grundsteinlegung 1962 noch voll im Bau. Es gab nur eine Straßenbahn, die U-Bahn kam erst später, auch von den Grünflächen war noch nicht viel zu sehen."Es war ja noch Wüste", erinnert sich die gelernte Erzieherin, "kein Kindergarten und nichts."
Grande conjunto habitacional em área verde
Quando, em 1958, o arquiteto da Bauhaus Walter Gropius foi incumbido de construir o conjunto habitacional Britz-Buckow-Rudow, tratava-se, também, de uma utopia social: o sonho de moradias melhores na periferia da cidade, de trocar os escuros apartamentos de fundos do bairro Neukölln, com banheiros do lado de fora e aquecimento a carvão, por um grande conjunto residencial em meio ao verde.
Gropius planejou complexos de prédios não muito grandes, com uma média de quatro e um máximo de 17 andares, atravessados por um cinturão verde. Além disso, uma boa infraestrutura com centros comerciais, cinema, correios e centros comunitários de lazer, a fim de garantir aos moradores as condições necessárias à vida urbana.
 Als der Bauhausarchitekt Walter Gropius 1958 mit dem Bau des "Quartiers Britz -Buckow-Rudow" beauftragt wurde, war das auch eine soziale Utopie. Der Traum von einem besseren Wohnen am Stadtrand, raus aus den dunklen Neuköllner Hinterhofwohnungen mit Außentoilette und Kohleofen in eine Großsiedlung mitten im Grünen. Gropius plante überschaubare Wohnquartiere mit durchschnittlich vier, maximal 17 Etagen, durchzogen von einem Grüngürtel. Zusätzlich sollte eine gute Infrastruktur mit Geschäftszentren, Kino, Post und Gemeinschaftszentren für städtisches Leben sorgen.
Bauwüste na década de 70, preto e branco fotografia aérea (foto: DW / Andrea Kasiske)Bauwüste nos anos 70-
Mas em 1961 o Muro de Berlim acabou sendo construído e o bairro estava localizado nas imediações da fronteira entre os lados ocidental e o oriental. A área do loteamento foi reduzida, os prédios tornaram-se mais altos.
No lugar dos planejados 14.500 apartamentos, foram construídos 19 mil. Os edifícios, com até 30 andares, abrigavam mais de 50 mil pessoas. Quando as obras acabaram, em 1975, a Gropiusstadt (Cidade de Gropius), como passou a ser chamada, tinha se transformado num verdadeiro monstro habitacional.

 Doch dann wurde 1961 die Mauer gebaut und die geplante Siedlung lag jetzt unmittelbar an der Grenze. Die Fläche war kleiner geworden, die Häuser dafür höher. Aus den geplanten 14.500 Wohnungen wurden 19.000, Häuser mit bis zu 30 Etagen für über 50.000 Menschen. Bei Bauende 1975 war die "Gropiusstadt", wie sie jetzt hieß, zu einem Wohnmoloch geworden.
Cheiro de campo
"O quê? Você é da Gropiustadt? Na época, as pessoas viam isso como uma ameaça", recorda Ingo Höse, hoje professor numa escola nas imediações do bairro berlinense. Nos anos 70, quando passou ali sua juventude, a imagem não podia ser pior. Gropiusstadt era considerada "uma área problemática", marcada por drogas e criminalidade.
Uma percepção dos de fora, com a qual os moradores não concordam. Ingo Höse não lembra de qualquer sinal da suposta criminalidade juvenil na área. É claro que o lugar ficava um pouco "no fim do mundo", trazia o cheiro de esterco dos enormes campos vizinhos, mas ali se tinha tudo que era necessário, lembra o professor: o centro comercial, os grupos de jovens e também sua escola. Foi a primeira gesamtschule da cidade, escola que reunia em um modelo todos os tipos de escola do sistema de ensino alemão, com aulas em horário integral e engajados professores de esquerda.
 "Was, du bist aus der Gropiusstadt? Man hat das damals als Bedrohung angesehen", erzählt Ingo Höse, heute Lehrer in einem Oberstufenzentrum im Einzugsgebiet der Siedlung. In den 70-er Jahren, während seiner Jugend dort, war das Image des Berliner Stadtteils denkbar schlecht. Die Gropiusstadt galt als "Problem-Viertel", mit Drogenkonsum und Kriminalität. Eine Außenwahrnehmung, die die Bewohner nicht teilten. Von der angeblichen Jugendkriminalität habe er nichts mitbekommen, meint Ingo Höse. Natürlich war man so ein bisschen am "Ende der Welt", es stank von den Rieselfeldern nebenan, aber man hatte alles, was man brauchte. Das Einkaufszentrum, die Jugendclique, und schließlich gab es da noch seine Schule. Die erste Gesamtschule Berlins, mit Nachmittagsunterricht und linken, engagierten Lehrern.
Realmente multicultural
"Tenho colegas de 18 nações", aponta Cornelia Weis-Wilcke, com uma ponta de orgulho. Ela dá aulas há anos na Escola Walter Gropius. Ali, a realidade é, de fato, multicultural, se comparada a outros bairros berlinenses.
Depois da queda do Muro, muitos dos antigos moradores mudaram-se para uma periferia mais distante e o bairro atraiu gente nova, sobretudo migrantes do Leste Europeu – Rússia, Ucrânia, Polônia –, mas também muitos turcos, árabes e asiáticos. Os apartamentos eram baratos e grandes o suficiente para as famílias com muitos filhos.
Que hoje 30% das crianças do bairro vivem em famílias dependentes da previdência social é um fato que não se pode mascarar. Por isso, as escolas e outras instituições sociais oferecem aulas de reforço e ajudam na execução dos deveres de casa, tentando também auxiliar os pais com ofertas especiais.
 "Ich habe 18 Nationen in einer Klasse", sagt Cornelia Weis-Wilcke fast ein bisschen stolz. Sie unterrichtet seit Jahren an der Walter-Gropius-Gesamtschule. Hier sei es im Vergleich zu anderen Berliner Stadtteilen nun wirklich multikulturell. Nach dem Wegfall der Grenzen sind viele Alteingesessene ins Umland gegangen, neue Bewohner zugezogen. Vor allem Migranten aus Osteuropa, Russen, Ukrainer, Polen, aber auch Türken, Araber und Asiaten. Die Wohnungen waren billig und groß genug für Familien mit vielen Kindern. Dass heute 30 Prozent der Kinder in Hartz IV-Haushalten leben, ist ein Fakt, der nicht verschwiegen wird. Schulen und andere soziale Einrichtungen bieten den Kindern deshalb kostenlose Nachhilfe und Hausaufgabenbetreuung und versuchen verstärkt, die Eltern mit speziellen Angeboten zu erreichen.
Ao ar livre concerto no Lipschitzplatz em Gropiusstadt (Foto: Teresa Eismann)Em frente ao centro comunitário é comemorado o aniversário
Quando, 50 anos atrás, Gropius projetou o primeiro conjunto habitacional berlinense em grande escala, a ideia era ainda parte de uma utopia social. Desde então, a Gropiusstadt encontra-se em constante transformação. "Não falo de religião, mas de cultura", diz Julia Pankratyeva de maneira decidida. A efusiva ucraniana é considerada o "coração" do Centro Intercultural da Casa Comunitária, no centro da Gropiusstadt.
Engenheira de formação, ela trabalha ali há 15 anos. Quando chegou, sentiu-se de imediato em casa, uma vez que conhecia arranha-céus semelhantes em sua terra natal. "E aqui ainda tinha tanto verde", lembra. Hoje, ela organiza no bairro noites de canto e dança, sobretudo para os moradores mais idosos e as crianças. Com seu jeito generoso e uma certa insistência, ela conseguiu reunir pessoas que antes evitavam o contato umas com as outras. A noite curdo-turco-grega, por exemplo, é um verdadeiro sucesso. Através da música e do canto, surgem interesses comuns entre as pessoas.
 Als der Architekt Walter Gropius vor 50 Jahren die erste Großsiedlung Berlins plante, war das auch ein Stück soziale Utopie. Seitdem ist "die Gropiusstadt" permanent im Wandel. Sie rede nicht über Religion, sondern über Kultur, sagt Julia Pankratyeva resolut. Die rundliche, strahlende Ukrainerin ist das "Herz" des Interkulturellen Zentrums im Gemeinschaftshaus mitten in Gropiusstadt. Seit 15 Jahren arbeitet die gelernte Ingenieurin dort. Sie habe sich hier sofort wohlgefühlt, die Hochhäuser kannte sie aus ihrer Heimat, aber "hier war so viel Grün". Jetzt organisiert sie Sing- und Tanzabende, vorwiegend für ältere Bewohner und Kinder. Mit ihrer herzlichen Art und einer gewissen Hartnäckigkeit hat sie es geschafft, Menschen zusammenzubringen, die sich sonst eher aus dem Weg gehen. Der kurdisch-türkisch-griechische Abend sei ein voller Erfolg gewesen. Über die Musik und gemeinsames Singen entstehe auch Interesse aneinander.
Atmosfera de mudança em ano de comemorações

Somos da Gropiusstadt é o título de uma exposição no shopping Gropiuspassagen, que reúne pequenos retratos de habitantes de diversas idades e origens. O que eles têm em comum é o fato de gostarem de viver ali e terem orgulho disso.
No ano de comemoração dos 50 anos de existência do bairro, luta-se para mudar a imagem do lugar. Um total de 400 novos apartamentos, lojas e hotéis deverão atrair inquilinos mais abastados para a região, fazendo com que ela se torne um pouco mais "urbana" – o que certamente não desagradaria a seu criador, Walter Gropius.
 Wer sind die Gropiusstädter" heißt eine kleine Ausstellung in der Shoppingmall "Gropiuspassagen". Miniporträts von Bewohnern unterschiedlichen Alters und verschiedener Herkunft. Gemeinsam ist allen, dass sie gerne in der Gropiusstadt wohnen und irgendwie auch stolz darauf sind. Im Jubiläumsjahr wird am Imagewandel der Großsiedlung gearbeitet. 400 neue Wohnungen, Geschäfte und Hotels sollen entstehen und solventere Mieter in die Gropiusstadt locken. Dann wird die legendäre Großsiedlung  noch etwas "städtischer“, und das ist sicher im Sinne ihres Erfinders, Walter Gropius.

Autora: Andrea Kasiske (sv)
Revisão: Augusto Valente

DW.DE

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